A conversa da semana é com o senador Gladson Cameli, do Partido Progressista PP-AC). Engenheiro civil, Gladson de Lima Cameli, nasceu em Cruzeiro do Sul, interior do Acre, em 1978. Formado no Instituto Luterano de Ensino Superior de Manaus, é casado e pai de Guilherme. Influenciado pelo tio e ex-governador do Acre, Orleir Cameli, Gladson se interessou pela política e se filiou ao PFL e ao PPS. Em 2005, ao entrar no PP, candidatou-se ao primeiro cargo eletivo, quando foi eleito Deputado Federal, aos 28 anos, sendo reeleito logo a seguir. Na primeira votação, obteve o apoio de 18.886 eleitores. Na segunda, obteve pouco mais de 30 mil votos. Em 2014 foi eleito com 218 mil votos, a maior votação da história do Acre. Como o mais jovem senador do Brasil, afirmou que nenhuma instituição política pode estar acima dos interesses do estado assim como nenhum projeto eleitoral é maior que a proposta de uma vida digna ao mais humilde dos cidadãos.
Sen.Cameli - Primeiramente, o Senado representa os estados e o senador tem mais oportunidades, mais meios para trabalhar em defesa do seu estado, do qual ele representa, e do seu país. A mudança é significativa. Dá mais condições para que seja trabalhada junto ao governo federal a liberação de recursos, que é uma bandeira que venho defendendo desde quando deputado federal, para atender todos os municípios do nosso estado. Pretendo ainda participar dos grandes debates nacionais, desenvolver as atividades competentes da Casa como a indicação do ministro do STF, votar as reformas que o país precisa, defender a atualização do código penal brasileiro, enfim, o Senado te dá essa ampla oportunidade de participar dessas importantes discussões e lutar para que essas reformas saiam do papel.
DP- O que o senhor tem a dizer sobre sua votação histórica para senador no Acre?
Sen. Cameli - Em primeiro lugar, agradeço a Deus e a população acreana. Toda essa votação foi pelo reconhecimento do nosso trabalho como deputado federal, colocando o Acre e as pessoas em primeiro lugar. Fiz uma campanha limpa, com propostas, mostrando o que fiz como deputado federal e o que poderia fazer e como fazer como senador, sem baixar o nível da campanha, respeitando as famílias. E pé no chão. Eu andei todos os municípios do nosso Estado. Visitei, praticamente, todos os bairros de Rio Branco em caminhadas, dia-a-dia. Foram mais de 120 dias de campanha. Então, foi uma campanha muito bonita. Uma campanha envolvendo a família, com propostas sem ataques, sem agressões. Quando as pessoas me agrediam, eu respondia com propostas. Eu não poderia utilizar o tempo que era permitido por lei pela Justiça eleitoral para outro fim. Eu tinha que falar o que o povo queria saber: qual a função de um senador e o que eu poderia fazer no Senado.
DP- Senador, o seu nome apareceu na Operação Lava Jato. O senhor tem algo a temer contra as investigações?
Sen.Cameli - Jamais. Eu agora quero ser investigado. Porque isso será mais uma prova para a sociedade brasileira, principalmente, para a população acreana da minha inocência. Eu acredito que tudo que é investigado, tudo que é apurado sairá a verdade. E o que eu quero como cidadão acreano, cidadão brasileiro? É que a verdade venha à tona. Desta forma, mostrarei para a sociedade acreana que as acusações que me fizeram não passam de interesses políticos.
DP- Qual a sua visão de uma reforma política adequada para o Brasil?
Sen.Cameli - A reforma política é essencial. Quero destacar alguns pontos que acredito que são fundamentais: o fim das coligações proporcionais, a unificação das eleições e acabar com a reeleição. Com isso, as campanhas ficarão mais baratas, a união vai economizar e acabaremos com a indústria da reeleição.
DP- Maioridade penal. Contra ou favor?
Sen.Cameli - Eu sou a favor da redução para 16 anos.
DP- Por quê?
Sen.Cameli - Porque não podemos mais conviver com os altos índices de crimes cometidos por menores infratores. Apesar de ter consciência que não resolveremos os problemas da violência com a simples mudança da figura penal, precisamos priorizar a educação e criar oportunidades para qualificação profissional dos jovens.
DP- Terceirização. O senhor é a favor ou contra?
Sen. Cameli - Sou a favor da terceirização. O tema é polêmico e de importância ímpar. Por isso não podemos deixar milhões de empregados que vivem às margens do jeitinho brasileiro continuar nesse submundo. Como senador, buscarei a regulamentação sim, mas assumo desde já o compromisso de votar no sentido de preservar os direitos dos trabalhadores.
DP- CPI do BNDS- O senhor é contra ou favor?
Sen. Cameli - Eu assinei a CPI. Primeiramente, é preciso esclarecer que nem tudo que é investigado é ilegal. Então, por que ficar contra uma CPI? Eu parto do princípio de que quando há indícios é preciso investigar e apurar os fatos, sem politizar. O que não podemos é deixar a sociedade brasileira ficar na dúvida se há ou não irregularidades.
CPI do Petrolão. O senhor acredita que pode ser uma pizza?
Sen. Cameli - Não acredito que dê em pizza. Nem a sociedade brasileira e nem o Congresso vão permitir isso. Temos prerrogativas constitucionais para dar as respostas aos brasileiros.
DP- Ajuste fiscal. O senhor acha que o Planalto está acertando? Quais os pontos mais importantes que poderiam ser mudados para o Brasil voltar a crescer?
Sen. Cameli - Não diria que está acertando, mas está tentando aprovar as medidas para colocar a economia na rota do crescimento. Diminuir a carga tributária, investir na infraestrutura, na criação de empregos e na distribuição de renda, são algumas medidas que colocarão o Brasil novamente nos trilhos do desenvolvimento.
DP- Na sua percepção, quem pode ser responsabilizado pela crise que atinge o país? E o que poderá ser feito para ajustar os caminhos do Brasil?
Sen. Cameli - A crise que afeta o país é justamente o modelo econômico que o governo insiste em praticar. Essa crise, eu já sabia, que mais cedo ou mais tarde, iria acontecer. Acredito que é o momento de unirmos forças políticas e tirarmos o Brasil da situação em que está. Não podemos deixar a população mais carente pagar por essa conta.
DP- Como é ser adversário político do PT no Acre e aliado da presidente Dilma no Senado?
Sen. Cameli - Precisamos separar uma coisa da outra. Em nível nacional, o meu partido faz parte da base aliada. No Senado, mesmo sendo da base, tenho procurado votar com as minhas convicções e com o interesse público. Até porque, eu fui eleito com quase 60% dos votos válidos do meu estado para defender a sociedade brasileira. Essa é minha linha. Eu voto com independência, com meus princípios, e do que será bom para população e o país. Porque é isso que está em primeiro lugar.
DP- O senhor esteve recentemente em uma missão oficial ao Vietnã?
Sen. Cameli - Sim, estive. A missão oficial em Hanói, capital do Vietnã, teve como objetivo buscar respostas para os desafios do combate à pobreza, às desigualdades e as alterações climáticas.
DP- Eleições municipais: O PP terá candidato a prefeito?
Sen. Cameli - Terá, em alguns municípios. Mas, eu tenho dito e reafirmo para você que eu como um dos líderes da oposição, uma oposição séria, uma oposição coerente, vamos fazer dia 6 de junho um grande encontro em nossa capital, Rio Branco, para definir muitas coisas. Estarão presentes todos os presidentes de partido, todos os vereadores e lideranças locais para começarmos a discutir a sucessão municipal de 2016, com uma única candidatura de oposição, com pessoas com qualificação para ganhar a eleição e administrar os municípios. Os municípios precisam de bons gestores. Eu tenho defendido isso. E na reunião, vou deixar bem claro: os municípios com mais de uma candidatura da oposição não contem comigo, até porque a sociedade acreana já deu um recado muito bem claro que a oposição precisa estar unida. Então, chega de errar. Agora é uma única candidatura, a oposição vai estar unida. Já vamos começar a fazer esse seminário para fortalecer cada vez mais a política no estado do Acre. O PP terá candidato sim. Terá candidato nos municípios se ele tiver condições reais de ganhar. Mas, não será por imposição. Tudo será conversado. Já tive uma conversa com os principais líderes de oposição para realmente falarmos a mesma língua.
DP - Mais de R$ 1 bilhão foram gastos na BR-364 e não foi concluída. Onde está o problema, o que falta?
Sen. Cameli – Recentemente percorri toda a BR-364, sentido Rio Branco - Cruzeiro do Sul. A situação que observei como engenheiro civil, é preocupante. É preciso restaurar toda a BR. Já está há um ano sem recuperação. E ela só aguenta este ano, porque ano que vem ela fica intrafegável. Então, é preciso que o ministério dos Transportes e o DNIT estejam presentes na BR-364.
DP- A ponte sobre o Rio Madeira que liga o Acre a Rondônia está com as obras paradas. O que fazer?
Sen. Cameli - É um absurdo essa ponte está com os trabalhos parados. Eu vou solicitar informações oficiais do ministério dos Transportes se há ou não paralisação. Ainda como deputado federal, visitei a obra em dezembro, do ano passado, e verifiquei que o cronograma estava sendo cumprido.
DP- Segundo os bastidores, o seu nome tem grande cotação para disputar o governo do Acre em 2018, no seu projeto político esse assunto está em pauta?
Sen. Cameli - Não como prioridade hoje. A minha prioridade é responder à altura meu mandato de senador da República. É fazer tudo àquilo que um senador pode fazer em benefício do nosso país e do nosso estado. Como se diz na política não se pode dizer que “nunca serei” ou que “meu nome não estará em pauta”. Eu sou um cabo eleitoral da oposição do estado do Acre. Se meu nome for o melhor nome, estará à disposição. Mas, nada de imposição, de passar por cima do processo democrático. E daqui para 2018 tem muita água para passar debaixo da ponte. Minha prioridade é fazer um grande mandato de senador da República. Estamos praticamente com 100 dias de mandato, agora é continuar trabalhando diariamente, com objetivo de melhorar nosso mandato.