domingo, 17 de maio de 2015

Deputados realizam culto dentro da Assembleia Legislativa do Acre




Com entusiasmo, um pastor realiza o culto para mais de 25 pessoas. A celebração segue todos os parâmetros realizados em igrejas evangélicas, com orações e palavras de fé. Porém, o que chama atenção nesse rito religioso é que ele não ocorre dentro de um templo, mas no auditório da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), em Rio Branco.
Os cultos são organizados por deputados da frente parlamentar evangélica e ocorrem todas as quintas-feiras, com duração de meia hora, antes das sessões parlamentares. Segundo os organizadores, a proposta é convidar políticos e servidores do Legislativo para que participem das orações. O convite é aberto para todos, independente da religião.

“Estamos demarcando este espaço, o culto é realizado porque onde o povo de Deus está a igreja também está”, afirma o deputado Jonas Lima (PT-AC), um dos membros do bloco evangélico.

O culto dentro da sede do Legislativo acreano, no entanto, fere o artigo 19 da Constituição Federal de 1988. De acordo com o inciso I do artigo, “é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.


Lima, entretanto, acredita não haver problemas na realização do rito religioso dentro da sede do Poder Legislativo. “Não posso impedir que venham aqui na casa do povo e peçam um espaço para usar aqui no auditório. Como eu disse, não temos uma placa de igreja, aqui é a casa do povo”, enfatizou.

No entanto, a iniciativa tem dividido opiniões na capital acreana. A dona de casa Francisca dos Santos diz aprovar a iniciativa, porém, faz uma ressalva quanto às orações dos políticos. “Só depende do momento em que eles estão orando a Deus”, diz.

Já a comerciante Márcia Pontes, acha que ideia não é bem vinda. Para ela, Estado e igreja são duas instituições que devem permanecer separadas. “Para mim, Deus é uma coisa e política é outra, bem diferente”, conclui.

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