Com entusiasmo, um pastor realiza o culto para mais de 25 pessoas. A celebração segue todos os parâmetros realizados em igrejas evangélicas, com orações e palavras de fé. Porém, o que chama atenção nesse rito religioso é que ele não ocorre dentro de um templo, mas no auditório da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), em Rio Branco.
Os cultos são organizados por deputados da frente parlamentar evangélica e ocorrem todas as quintas-feiras, com duração de meia hora, antes das sessões parlamentares. Segundo os organizadores, a proposta é convidar políticos e servidores do Legislativo para que participem das orações. O convite é aberto para todos, independente da religião.
“Estamos demarcando este espaço, o culto é realizado porque onde o povo de Deus está a igreja também está”, afirma o deputado Jonas Lima (PT-AC), um dos membros do bloco evangélico.
O culto dentro da sede do Legislativo acreano, no entanto, fere o artigo 19 da Constituição Federal de 1988. De acordo com o inciso I do artigo, “é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.
No entanto, a iniciativa tem dividido opiniões na capital acreana. A dona de casa Francisca dos Santos diz aprovar a iniciativa, porém, faz uma ressalva quanto às orações dos políticos. “Só depende do momento em que eles estão orando a Deus”, diz.
Já a comerciante Márcia Pontes, acha que ideia não é bem vinda. Para ela, Estado e igreja são duas instituições que devem permanecer separadas. “Para mim, Deus é uma coisa e política é outra, bem diferente”, conclui.
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