quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

ACREANA PASSA NO EXAME DA OAB AINDA NO TERCEIRO ANO DE GRADUAÇÃO


'Felicidade é indescritível', diz Maviane Oliveira, de 21 anos, de Brasiléia. Estudante aguarda resultado final para saber ser conseguirá certificado.

O sonho de fazer direito existe desde a infância, apesar da preferência dos pais pela medicina. Após 18 meses de preparação, cursando ainda o terceiro ano da graduação, numa faculdade de Rio Branco, Maviane Oliveira Andrade, de 21 anos, conseguiu ser aprovada no XV Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), cujo resultado preliminar foi divulgado na terça-feira (3). A estudante conta que fez a prova para testar os conhecimentos, mesmo fazendo de tudo para passar antes de se graduar.

"Como eu estudava há 18 meses, senti que poderia fazer para treinar. Mas meu objetivo sempre foi fazer a prova antes de terminar o curso, porque não quero parar, quero ser promotora de Justiça. Então, pensei que me livrando logo da OAB, teria mais chances de conquistar o concurso de maneira mais rápida", diz a estudante, natural de Brasiléia, distante 232 km da capital.

Os estudos foram intensificados de junho de 2013 até novembro de 2014, segundo a estudante. As manhãs eram dedicadas ao estágio, de onde conseguiu os recursos para investir nos livros indicados pelos professores. Durante as tardes, frequentava as aulas na faculdade e todas as noites, dedicava pelo menos quatro horas de estudo. Nos finais de semana, estudava em média seis horas. Como resultado, Maviane conseguiu 57 pontos na primeira fase e 8,85 na segunda.

"Abri mão de diversas oportunidades de estar com meus amigos, porque sempre tinha algo para ler que estava pendente. Abdiquei de todas as férias, nesse período, e feriados para poder estudar. Inclusive, algumas vezes deixei de ir para casa dos meus pais, em Brasiléia. Algumas vezes, eles nem entendiam. Pode parecer um pouco de exagero meu, mas sei que nunca vou me arrepender disso", fala.

Para Maviane, conseguir ser aprovada é uma forma de agradecer à família, que mesmo morando em outro município, dá todo apoio para mantê-la estudando. "É uma forma de agradecer meus pais, pelo esforço que fazem para eu estudar em Rio Branco. A felicidade é indescritível, porque todo o investimento foi recompensado. A OAB tem uma grau de dificuldade grande e muitas pessoas terminam a faculdade e ficam tentando passar. Então, é muito importante", acrescenta.

Apesar da aprovação preliminar, a estudante aguarda o resultado final, que será divulgado no dia 24 deste mês. Ela ainda não sabe se poderá receber o certificado, por não estar no último ano da graduação. Maviane é direta ao dizer que não se preocupa em ter que fazer um novo exame, caso seja realmente necessário. "Se precisar fazer novamente, estarei disponível. Eu não pretendo entrar na Justiça sobre isso, jamais. Se tiver que fazer novamente, eu farei", fala.

OAB-AC diz que estudante deve conseguir certificado
O presidente da OAB-AC, Marcos Vinícius Jardim, explica que o exame é de responsabilidade do Conselho Federal da OAB e Fundação Getúlio Vargas, que elabora, aplica e corrige as provas. No edital, segundo ele, existe uma resolução de que somente os alunos do último ano da graduação podem prestar o exame.

Para Jardim, pode ter ocorrido uma falha no momento da inscrição de Maviane, uma vez que é exigido um comprovante de que período o aluno está no curso de direito. No entanto, ele acredita que não haverá problema para que ela consiga o certificado de aprovação.

"Não acredito que vá ter prejuízo para a aluna. Eu, pelo menos, não trabalhei de modo algum para impedir que ela consiga o certificado. Se foi permitido que ela fizesse a prova, mostrou competência, conhecimento técnico e passou, não vejo motivo para frear essa vitória dela", defende.

O G1 entrou em contato com a Fundação Getúlio Vargas, por meio da assessoria de comunicação, com o intuito de obter um posicionamento sobre o caso da estudante acreana, mas até a publicação desta reportagem, não houve resposta.

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