“Blindagem” pode se enfraquecer em 2015
Está sendo gestado nas planilhas do Governo do Acre uma série de ações na área econômica que não chega a ser propriamente um pacote de ilusões, mas pode-se dizer que é “o mais do mesmo”.
Qual é a lógica? Transmitir a ideia de que “enquanto o país pega fogo, a gestão do Acre preserva o ambiente econômico dinâmico”. É uma meia verdade (se é que isso existe). Assim como no Amapá e Roraima, no Acre a participação do Estado na economia é tamanha que acaba criando naturalmente uma espécie de “blindagem” que ameniza os efeitos ruins do cenário econômico nacional.
Não há méritos da gestão. É algo próprio da Economia. Se houve algum mérito é da área fiscal (e aí, mais uma vez se remete ao início do governo da Frente Popular) que conseguiu construir mudanças significativas e sustentáveis ao longo dos últimos 16 anos.
O que está sendo planejado é a reunião de um conjunto de ações já em andamento ou já previstas nas últimas visitas de executivos de bancos de desenvolvimento estrangeiros: isso será embrulhado em um pacote decorado com o novo slogan oficial e apresentado como algo inovador.
O governo já vazou a informação de que em 2015, a previsão é de que R$ 1,8 bilhão deve ser aplicado em saneamento e obras de infraestrutura. Não é dinheiro novo. É dinheiro caro. Com fatura calculada. A aposta do governo é de que esse esforço aqueça a economia de tal forma que, no futuro, a economia ande por si. Sem a muleta oficial. É uma aposta.
No mais, é a economia real e atual quem dita as regras. O leitor pode olhar para o comércio local; para a prestação de serviço local; para a qualidade da mão de obra local; para as ruas; para a lama nos bairros; para a violência contra a Mulher; para o índice de gravidez na adolescência; para a falta de perspectiva da Juventude; para a falta de calçadas nas ruas; para a qualidade do trânsito; para a agricultura de subsistência. Essa é a economia do Acre.
Isolamento_ A falta de infraestrutura não reconhece melhor exemplo do que a possibilidade de novo isolamento desde a construção das usinas hidrelétricas em Rondônia.
O Governo do Acre faz articulação política para abrir uma linha de crédito de R$ 100 milhões aos empresários locais, via Banco do Brasil ou BNDES. Mas, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, o “Chicago Boy”, não deverá ser muito condescendente. E é aí que a “blindagem” acriana pode ser fragilizada.
Só uma pessoa que não acompanha o noticiário econômico foi surpreendida pelas medidas. Antes da campanha do ano passado já se sabia da necessidade de medidas de “correções” a serem adotadas, independente de quem fosse o vencedor.
Os empresários do Acre já estocam mercadorias desde novembro passado, já se articularam com alguns fornecedores peruanos e agora o Palácio Rio Branco tenta dourar o pires a ser apresentado para o Planalto. Aos daqui, só restou a reza, a oração e o clamor a São Pedro.
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